A vida tem-me ensinado lições sem fim, é uma escola onde somos testados dia após dia, sem revisão da matéria dada nem oportunidade de errar e corrigir. Sou uma boa aluna, em especial desde que cresci (não desde que nasci), não erro frequentemente na mesma questão e não me engano facilmente nas "perguntas" com rasteira, todas as lições que aprendo, aprendo-as para a vida, nestas coisas costumo ter boa memória. Quem pisa uma vez não pisa a segunda e o que vai não deixo que regresse. Há porém uma lição que tem sido difícil de eu aprender... a conscientização da idade. A vida já se encarregou de me mostrar várias vezes este ano que 20 anos só se tem uma vez e que os 40s não são uma idade muito avançada mas podem ser muito bem o meio de uma vida e com eles a carga fica pesada e mais difícil de carregar. Este parece ser o ano em que a vida tem, no seu programa escolar, "Aprendizagem consciente sobre a (minha) realidade física" como objetivo essencial.
Custa perceber as nossas limitações e quando elas chegam sem avisar pior ainda. Em Março a perna direita e o meu braço esquerdo começaram a queixar-se e eu fui reduzindo a carga mas tentando sempre manter-me ativa. Quase quatro meses depois, uma noite no hospital, uma ressonância magnética, comprimidos, natação e consulta de fisioterapia, e a perna já esteve melhor, já voltou a estar pior e já me fez parar de novo e me perguntar, onde quero chegar... medir forças com o próprio corpo não é inteligente nem sensato, tanto não é que hoje percebi que estava a voltar ao mesmo, ao mesmo tempo cheio, à mesma falta de presença, às mesmas dores e frustração.
Será que desta vez aprendi a lição? Não sei, só o tempo o dirá. Mas sei que somos feitos de sentimentos, choros, risos e tempo e é disso que devemos viver. Lentamente tento abrir caminho para a minha riqueza maior, ao mesmo tempo que me vejo forçada a libertar-me de sonhos em prol de outros, esta é a parte difícil do problema, escolher o que deixo ir e o que deixo ficar, mas está na hora de aprender a lição. Está na hora de me focar no que é real e perceber que a vida não volta atrás, as pernas não deixarão de ter 40s, a parte boa nisto tudo é que a vontade mantém-se não importa a idade que se tem.
Não são apenas números, são sabedoria, conhecimento, entendimento mas também dores, rugas e privações.