INTRO: Um dia Bono disse - "Music can change the world because it can change people." - talvez seja demasiada responsabilidade para a música, esperarmos que ela mude o mundo é talvez um tanto ambicioso, mas é certo que ela pode mudar as pessoas, o nosso estado de espírito, a nossa vontade, o nosso entendimento sobre o que nos rodeia, a música tem poder e isso é inegável. Chegar ao pé da minha amiga Nádia, com quem partilho tantas vezes conversas mais ou menos profundas, e perguntar-lhe: Que álbum mudou a tua vida? foi como que um desvendar de memórias que colminaram no agora.
A música é para mim o que a religião é para os crentes, o meu suporte emocional nos momentos de riso e nos momentos de desespero, o bálsamo para as feridas da alma quando a vida prega partidas que sem os sons e as vozes de nossa eleição não se curariam tão gentilmente; a música é pois o ar que me ajuda a respirar e posso afirmar, sem inverdade, que cada momento da minha infância, adolescência e actual maturidade têm canções associadas, pequenas melodias que serviram de curativo, de festejo, de superação, de purga e até de “suporte emocional”.
E porque a vida é feita de diferentes estradas, de caminhos ora simples ora sinuosos, de atitudes diversas consoante onde nos encontremos física e psicologicamente, de encontros e desencontros, também a música toca mais suave ou mais áspera, mais lenta ou mais ritmada, mais curta ou mais duradoura para que possa fazer o seu devido efeito e transformar qualquer dúvida em certeza, qualquer choro em riso…
No meio de tanta canção, de tanta discografia, de tantos performers que tenho descoberto desde tenra idade, dos variados estilos que me foram deixando marcas, não foi tarefa nada simples a de escolher o álbum que transformou a minha vida; tive de reflectir e aperfeiçoar as razões para me decidir por aquele que mais recentemente me tem ajudado a superar momentos tristes, que me tem feito sorrir a cada acorde, que me transpõe para uma calma e me faz continuar acreditando no amor, na beleza única de cada um, na vida como um plano que vamos traçando diariamente. Escolher uma coletânea poderá parecer-vos uma escolha sem esforço, sem grande sentido porque talvez não pareça propriamente um álbum mas a junção de vários; e pensei em dois ou três de artistas que me “acompanham” há muito mais tempo desde adolescente, embora o passado não tenha sido tão modificador de vida como estes últimos anos em que venho necessitando da música numa escala bem mais diária e de efeito psicológico.
E, por tudo isto, nos últimos anos vim-me afeiçoando a um cantor icónico do Country sulista, um cantor que dispensa apresentações pelos U.S.A mas que infelizmente não é tão divulgado por terras europeias, e lusas, haja o Youtube; uma voz com um timbre rico e quente aliada a uma personalidade cativante, humilde e humana: Tim McGraw, “dono” de múltiplos discos de platina, mais de três dezenas de number one hits e uma das músicas/videoclips que mais me “arrepia”– “Highway Don´t Care” – por tão intensa e puramente nos lembrar que nenhuma desilusão, discussão ou má notícia nos deve levar ao desespero de seguir por uma estrada em condução alheada, perigosa e por vezes mortal, porque há sempre quem nos ame e se preocupe, a autoestrada não o faz e nem é boa conselheira.
É por isso que vos digo que o álbum que me tem vindo a mudar a vida é “35 Biggest Hits“, lançado em junho de 2015, uma poderosa sequência de melodias harmoniosas, letras simples mas profundas, ensinadoras de que a vida é-nos apenas emprestada por tempo limitado (que nem sabemos quanto) sem que devamos futilmente estragá-la por caprichos, por mentiras, por vícios ou desregramentos inúteis. Canções que exultam o amor próprio e pelos demais, o respeito pelos mais velhos que nos deram bases de crescimento, a paixão pela música como união de povos, raças, géneros; um cantor que não se despe do passado de uma infância difícil nem dos vícios que o estrelato ajudou a escalar mas que conseguiu superar-se e criar uma vida estável como suporte de tanto stress, tanta estrada percorrida, tanta solidão momentânea. São letras que me fazem pensar, reflectir que muito do que se passa dentro deste peito não é único e muitos outros se debatem também com diversos problemas, diversas misérias, alegrias variadas, vidas mais ou menos complicadas; por fim todos travamos diariamente lutas similares todos sofremos desgostos amorosos, todos perdemos por vezes o rumo e nos afundamos num vício ou num vazio que por vezes precisa de ajuda externa para ser repreenchido, ajuda essa que pode ser através da música e de poemas escritos por quem já passou o mesmo ou idêntico e nos “fala” numa linguagem universal, sem julgamentos.
Este álbum reflecte as diversas etapas de vida do cantor, momentos de alegria, de mudança, estórias de provação, fé e insistência na crença de que todos possuímos intrinsecamente um bom coração, apenas deveríamos escutá-lo frequentemente sem intervenções alheias, sem acreditar na primeira notícia televisiva ou pedra atirada. É uma sequência de poesia, de pensamentos que poderiam ser meus, por vezes são…
Ouvir Tim McGraw é ouvir os pássaros, os riachos, os corações, a esperança em dias melhores, é acreditar que o amor prevalece e que cada luta deve ser uma experiência e não uma guerra interna de mente versus alma; este álbum condensa cada momento que quase todos nós já vivemos ou viveremos e ajuda a suportar horas em que parecemos perder o rumo, dá ânimo para seguir em frente, acompanha noites solitárias ou em família, serve de banda sonora perfeita para momentos românticos, ensina e alerta os homens a cuidarem, amarem, respeitarem entenderem as mulheres das suas vidas e apela às mulheres que nunca se esqueçam do que valem, do que suportam, do que são capazes.
Aconselho a descobrirem-no, eu fi-lo e tornei-me cada dia um pouco mais feliz, segura, capaz! ♥