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cris loureiro blogs

coragem para ser diferente


Esta reflexão já foi adiada muitas vezes mas decidi deixá-la hoje aqui porque sou mãe de duas miúdas incríveis que tenho medo que a escola mate. Ao dizer isto parece que estou a ser dramática e injusta e se calhar estou mas sou mãe, tenho esse direito porque neste caso o coração fica mesmo juntinho à boca. Tenho duas filhas súper criativas e determinadas, sabem o que querem e vão tentando, às vezes conseguem, outras não, mas tentam. Têm 4 e 6 anos, coisa que me fascina, como é que duas crianças tão pequenas sabem melhor o que querem do que eu própria às vezes sei. São crianças... não lhes preocupa o que os outros irão pensar, não querem saber se é o "normal" porque ainda não sabem bem o que é o "normal"... e que pena é não sermos todos, crianças... É preciso coragem para mostrarmos algo novo, algo que não é convencional, algo "diferente". Não acredito que tu, em algum ponto da tua vida, não pensaste em criar ou fazer algo que não fosse o politicamente correcto mas detiveste-te no minuto seguinte porque simplesmente faltou a coragem para resistir à critica, aos olhares de negação, aos risos mesquinhos. É preciso coragem para ser um Picasso. Para afirmar com convicção que aquela mancha aparentemente disforme é uma mulher, uma mulher que só o criador vê e que quem vê mais além entende. Pobres dos que não conseguem realmente observar e encontrar a mulher naquela mancha disforme.


É a diferença que nos faz reais. A mesma diferença que os colegas de escola gozam, diminuem e anulam. Porque para quem não nasce na luz a escuridão é o lugar comum e tudo o que gira ao seu redor não deve ser questionado ou reinterpretado. É assim e ponto. E se é assim para o próprio, assim deve ser para todos. Assim o quer o pai, a mãe, o padrasto, os avós e os tios. Assim se formatiza o mundo, aqueles que nasceram na luz acabam por se ver apagados na escuridão e, os teimosos que teimam em iluminar, têm em si toda a coragem do mundo e a certeza de que apenas serão compreendidos quando estiverem na escuridão, sete palmos abaixo do chão.


É preciso coragem para se pensar diferente, se desenhar diferente, se pintar o céu de rosa e o mar de amarelo, é preciso coragem para assumir o que se é quando o que se é, é diferente. Mas o sensato seria louvar a criança que fez uma mancha e que nela vê e assume com convicção ser um elefante mas na verdade as estrelas vão para aquela que não se esqueceu de aperfeiçoar as orelhas grandes e a trompa em arco. Na verdade o que interessa não é a mancha ou a forma perfeitamente delineada do animal, na verdade o que conta é a paixão e a coragem que foi colocada em cada risco, a convicção dada a cada palavra e a certeza de que se sabe o que se é e se quer. ...enquanto ouvimos música. ♥

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